domingo, 30 de novembro de 2008

samba e rua augusta


eu não queria falar dele hoje. não me deixa falar dele hoje, ego!

por um instante esqueci que costumo escrever em terceira pessoa, talvez para fingir. é! para fingir que eu não faço parte disso. pensando bem, realmente não faço. porque ele não me deixa ser eu. porque ele me transforma nela. com vocês, senhoras e senhores, a psicótica!

ah, o samba! o samba sempre acalma a psicótica. o samba e a rua augusta. outrora eu sequer conhecia o samba de verdade, assim como os prazeres que a augusta dá pelo simples fato de se estar lá, parada, pensando, ou até mesmo desfrutando de boa e louca música sem pensar em nada, ou de repente jogando sinuca num buraco sujo.

a noite foi boa. as noites têm sido boas aos fins de semana, fora da cama. vez ou outra, ainda assim, na rua ou no samba, ela aparece, depois de alguns drinks, na fase vers le bas da recassa moral. mas não queremos falar disso agora, não é mesmo?! afinal, essas noites têm sido mesmo boas!

sábado, 22 de novembro de 2008

era uma vez...


era uma vez uma mulher... que ainda não tinha chegado ao seu final feliz. no seu conto de fadas a carruagem era uma lambreta vermelha e branca, o castelo era um boteco na rua augusta e o beijo do príncipe... só mais uma dose de tequila. ele? o próprio? ela já tinha encontrado, mas numa história que não se parecia nem ao longe com as dos livros. além disso, ela não era bem a princesa, nem pretendia ser.

esses últimos dias têm sido difíceis para ela. talvez a fase não tão boa da sua vida tenha a deixado mais sensível ou talvez o amor tenha aumentado mesmo, assim, inexplicavelmente. a coisa toda tem se agravado, chegou uma dor física também, no peito, ali entre os pulmões e o coração. é difícil respirar às vezes. de vez em quando, por alguns instantes, ela perde a firmeza nas mãos. e a voz fica fraca, logo ela, que gosta tanto de cantar. cantar para ele, principalmente. tudo se esvai e depois volta e vira um ciclo.


a mulher então se vê nas madrugadas revirando conversas antigas, fotografias, vídeos... ai aqueles vídeos! são com eles que ela o sente mais real, mais próximo. revirando tudo isso ela sempre cai em si, ele existe, não é um sonho, não é ilusório, é ele mesmo, a paixão da vida dela. mas apesar de tudo, as coisas espalhadas dele por aí são os remédios da madrugada, que ela consome para combater a tremedeira, a tontura, a dor no peito. mas ela fica cada vez mais viciada e dependente de tudo isso, pelo menos enquanto ele está longe.

eu sei o que ela queria. ela só queria poder lutar por ele. entender ela não quer mais, mudar ela desistiu, esquecer... não cabe esse verbo nesse puro amor. poder lutar por ele bastava para satisfazer metade dessa loucura. pés e mãos atados, por um sentimento sem sentido algum. nada pode ser feito e ela não aceita isso, na sua cabeça é só esperar mais um pouco. esperar o quê? não se sabe. mas eu repito, ela só queria poder lutar por ele.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

o início da inspiração


.......................... e ela faria quase tudo por ele. se o que dizem for verdade, se tudo que consumido em exagero faz mal, ela tem uma doença grave e incurável. ela o consome em exagero, consome a sua alma, o seu espírito. com a mente, ela consome toda a energia que ele tem. e ele a consome de loucura, assim mesmo, distante. uma intensidade escorpiana que ela não sabe se faz bem ou mal. ela só sabe que faria quase tudo por ele e não sabe dizer por quê, nem lhe interessa dizer, nem ao menos saber. basta-lhe sentir. e como não bastaria?
era julho de um ano qualquer. fim de julho. último dia das férias da escola, quando ela o viu pela primeira vez. alto, atlético. um rosto que parecia refinadamente esculpido. a pele bronzeada pelo quente sol carioca. quente, muito quente! uma fina mecha de cabelos passava pelos olhos dele, como se fosse uma orquestra clássica regida pelo vento, ditando em decorrência a direção do seu olhar, perdido na boemia.
o fato de que, se ela se interessasse naquele dia, teria que competir com garotinhas quaisquer que, por ventura, também o achariam sexy, fez o interesse quase desaparecer (por pouco tempo, claro). afinal, tal superficialidade nunca a seduziu. só um belo corpo não seria capaz de despertar a intensidade escorpiana. não foi ainda que ela adoeceu. sequer uma troca de palavras. a primeira vez que ouviu sua voz foi uma semana depois. ela ainda se lembra do timbre, do tom. ela seria capaz de decifrar a freqüência de cada sílaba. uma doçura que se contrapunha ao bambeio causado pelo que tinha consumido minutos atrás, que por sua vez se contrapunha à firmeza nas palavras. havia percebido pelo olhar uma semana atrás e, desta vez pela voz, que ele era seguro de si. ela começava então a idealizar o seu amor, mas ainda sem ter noção alguma disso.
ele voltou para casa, mas deixou com ela uma espécie de semente, que só germinaria mais tarde, num dia aleatório. eles faziam parte de um círculo comum, o que fez com que começassem a conversar, assim, à distância. a tecnologia é mesmo uma coisa esquisita, é quase inacreditável analisar que ela nunca mais o viu, mas foi aí que aquela semente deixada tempos atrás começou a germinar e ela lentamente a adoecer. cresceu inexplicavelmente ali dentro e ela não se lembra como, quando e por quê. e hoje isso a enlouquece ainda mais.
eram conversas quentes como o sol carioca. quentes e despretensiosas, descompromissadas. ela descobriu, então, que ele também era escorpiano. e como descobriu! se eles tivessem se encontrado naquela época, eu não sei o que teria acontecido. ela também não sabe. talvez por isso goste tanto dele. talvez ela precisasse encontrá-lo de novo, só para ver a mecha de cabelos nos olhos e ouvir aquela voz doce e firme, agora sob outro ponto de vista. pode ser que isso não mais aconteça. ou pode ser que ela o veja e o homem que idealizou não exista. mas não importa, é ele. de qualquer maneira, é ele!
parecia intenso, como ela. forte e sensível. seguro e desconfiado. um paradoxo, como ela. envolvente. misterioso. dominador. inconseqüente, como ela. era assim que ela o via, sem ter certeza de que era real, mas sem dúvidas de que o era. desconfiando do que idealizou, mas confiando plenamente no que o seu coração dizia. hoje, com a idéia de que nunca o terá em seus braços e com a certeza de que terá! sim, um paradoxo, como ele.
ela pode se apaixonar por outro qualquer, casar-se, ter filhos e viver feliz para sempre, mas ela sabe que aquela semente, que se tornou uma rosa vermelha e depois cheia de espinhos, hoje é uma flor seca dentro de um livro grosso e vai sempre estar lá, com ela. e será enterrada junto dela no fim da vida. ele vai sempre existir assim. e ela faria quase tudo por ele .................................
e o dia da estréia do blog junto à escolha do primeiro texto não são estranhas coincidências.