terça-feira, 12 de julho de 2016

água e fogo


me obrigo a escrever para tentar compreender um tanto de nós. eu estou no fundo de um oceano gigantesco, mas não posso e não quero voltar à superfície, porque sou eu a própria água. em paradoxo, o âmago feito de um fogo que é alimentado toda a vez que vem a lua. a ela peço clareza e ela me diz que eu já sei as respostas que preciso hoje. 

eu não sei. mas eu sinto. sinto que estou cansada de tentar não perder o chão, mesmo que eu já tenha perdido há muito tempo. sinto que me saboto quando olho para você e tento não ser água e fogo. mas não dá. então, sinto também que é preciso coragem para desistir e ainda mais coragem para tentar. sinto a sua alma tão perto e tão bonita, porque é também água e fogo. 

o nosso gozo é um só, como o sol se pondo no mar. nós somos pedaços muito próximos do universo. confesso que não sei o que fazer com isso (e nem você, que chega a machucar), mas agradeço pela confusão mais bonita que eu tenho. porque, hoje, somos e pronto. até que surja alguma coragem.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

holly degenerada - bonequinha de luxo, blake edwards (1961)


quando começa a se despir a burguesia, um olhar escuso viciado em hipocrisia pede socorro ao próprio ego.

ela - gabriella vergani
foto - marta pinheiro
arte - beatriz mazarak
projeto degeneradas

sábado, 25 de abril de 2015

dorothy degenerada - veludo azul, david lynch (1986)


obcecada pelos próprios vícios, 'blue lady' se afoga num poço de nada. ela é, por natureza, a antagonista dela mesma.

contrapondo os olhos distantes de dorothy, o ambiente reflete o estilo de vida do sonho americano. dentro de nós, não existe paraíso.


ela tenta, mas o amor dela é feito de plástico. donny é a vida ideal e irreal, que ela agarra com todas as forças, é a corda que salva e mata ao mesmo tempo.

insanidade disfarçada, sociedade degenerada.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

maria degenerada - metrópolis, fritz lang (1927)



um simbolismo oculto, espelhamento dos opostos, dormência mental.

o poder vem dos olhos de maria, passa pelo corpo dela e chega aos trabalhadores, em forma de desespero.

espaços amplos representam o vácuo sensorial das profundezas, reforçado pelos mediadores do equilíbrio. equilíbrio para quem?

maria prega, religiosa, de peito nu. a robô, da mesma forma, prega, ditadora, pecadora.

dois lados da mesma moeda, como na imagem do selo hermético de salomão, onde os extremos se tocam.

“o mediador entre a cabeça e as mãos deve ser o coração”, liberdade de interpretação... fritz lang e thea von harbou antes do holocausto.

manipulação velada. humanidade degenerada.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

inconcluso


(...)


a crise da liberdade
(ou a liberdade da crise?).
crise por egoísmo
(há crise na união?).
e a crise do questionamento.
qual é a questão da crise?
ou a crise é a questão, não que a questão seja a crise,
mas literalmente a crise é a questão.
crise é insegurança?
crise é segurança demais?
crise é cagada das grandes.
e, sempre, a crise da racionalidade,
a crise do entendimento.
estamos todos em crise agora.

por quê?

(...)

domingo, 6 de outubro de 2013

(en)canto


a frequência da voz chegou ao meu corpo através dos poros da pele,
o timbre se espalhou em meu peito e voltou à pele em forma de arrepio.
os meus olhos fixos no corpo envolvido pelo som que ele mesmo tocava,
desejei percorrer-lhe todo, como as mãos dele no banjo que invejei.

domingo, 31 de outubro de 2010

(des)confusão


a melodia me entra pelos ouvidos através dos fones e atravessa direto para o coração. este coração que não sabe de mais nada, porque fica dividido entre milhões de coisas ao mesmo tempo.

enquanto isso, flashes das suas palavras não me saem da cabeça. das palavras e dos toques. dos toques e dos carinhos. dos carinhos e da pulsação. e eu espero não me arrepender de ter aberto mão disso tudo. ou espero me arrepender. eu não sei. afinal, tenho eu certeza de alguma coisa nessa vida? nada.

se fosse para ser egoísta, eu te deixava aqui pertinho. se fosse ao contrário, também te deixava aqui pertinho. mas eu não sou nenhum extremo, sem antes ser tudo que há entre. e depois disso, desconfundir a confusão, na teoria. e confundir a desconfusão, na prática.

guarde em você de mim a mulher por quem se apaixonou, que quer para você, com todas as forças, o maior bem do mundo. e com a pureza desta lágrima, o maior amor do mundo.

vai ficar tudo bem.