domingo, 30 de agosto de 2009

o ciclo


olhar. gesto. sorriso. bambeio. palavra. toque. respiração. sensação. olfato. paladar. tato. vontade. fogo. energia. ritmo. suspiro. prazer.

paixão.

decepção.

olhar. gesto. sorriso. bambeio...

domingo, 16 de agosto de 2009

coragem de enfrentar...


é extremamente difícil começar a escrever sobre o que vou escrever hoje. mas eu vou tentar.

há dias ela não saía da cama. eu já a tinha visto assim, mas descobri que nunca antes soube os reais motivos. sentei ao seu lado e disse para ela se levantar, que era psicológica a doença e ela tinha que retomar o controle. ela me olhou como quem precisava me contar algo, como quem pedia ajuda desesperadamente. eu não sabia bem o que fazer, porque quem pedia ajuda a ela até para as coisas mais patéticas era eu. em tantos anos, era a primeira vez que eu via aquele olhar.

pedi para ela me falar o que era. ela disse que não podia, que eu teria vergonha, que eu teria raiva. como um amor tão puro podia criar raiva como fruto? o que de tão grave ela podia me dizer? eu, mesmo com um aperto enorme no peito, insisti que confiasse em mim, que eu jamais a julgaria. ela não aguentou, começou a chorar como uma criança em desespero que precisa da mãe. eu fiquei paralisada no início. insisti, usando palavras de carinho.

sabendo que o mais difícil de suportar para mim são as lágrimas dela, segurou a minha mão, ainda em prantos. começou a me contar coisas sobre a vida dela, a nossa vida. as palavras dela custavam a sair, ao contrário das minhas lágrimas. ela contava e pedia ajuda ao mesmo tempo. comecei a sentir algo tão intenso como jamais havia sentido, a abracei como jamais havia abraçado. nós duas sentíamos uma dor imensa que logo misturou-se a um pouco de esperança. eu tentei respirar fundo e fazer o meu papel. disse que não estava absurdada, que as minhas lágrimas eram causadas exclusivamente pelo sofrimento dela, que eu ia ajudá-la mesmo que fosse a última coisa que eu fizesse, mas para ela ficar tranquila. sim, em meio a tudo, pedi para ela ficar tranquila, porque eram só problemas que a gente ia resolver. para ela não dar tanta importância a isso. ela, supresa, não entendeu como não dar importância a tanto sofrimento. expliquei que entendo a sua dor, mas o sofrimento deve ser aliviado com o que de bom temos nas mãos, com a capacidade da superação e com a coragem de enfrentar as coisas. pedi sorrindo para ela se levantar porque eu queria levá-la para tomar um café, que faríamos o que fosse necessário, mas enquanto isso não daríamos as costas para a vida.

ela se levantou, me disse que se soubesse que eu ficaria ao seu lado dessa maneira já teria desabafado há muito tempo. na manhã seguinte me acordou com um beijo e um grande sorriso, "olha filha! já levantei!". e essa frase foi para mim tão aliviante quanto para ela o meu sermão do dia anterior. as coisas têm sido difíceis, mas a minha certeza é única: as coisas vão melhorar, porque é assim que tem que ser.