terça-feira, 22 de junho de 2010

sem respostas


horário de pico do lado de lá do toldo. três fileiras de mesas de madeira me separam do barulho, do movimento, do transtorno. sobre a minha mesa dois livros; um de fotografias do meu rei elvis e o outro, 'la valise en carton'. mais ao centro, uma garrafa de cerveja e um copo meio cheio, sim, meio cheio.

de instantes em instantes olho fixamente para o copo, como se esperando ele me dizer alguma coisa, me dar alguma resposta, como se fosse possível. aliás, talvez seja. a cada olhada, esvazio-o mais um pouco para que a cerveja não esquente, apesar de estar 13°c lá fora, como aponta o termômetro na avenida paulista.

eu queria acender um cigarro, mas zé serra não me permite. a única coisa quente por aqui parece ser a minha alma. calor pelo qual meu corpo pede, incansável. porque, no fim, é isso que eu estou esperando. uma rasura no papel, desconcentrei-me. foi só eu pensar nisso e o telefone tocou, era ele, o calor.

para ser sincera eu não sei o que espero, nem sei se quero saber. o equilíbrio, entre purusha e prakriti, que tenho buscado, está bem longe daqui agora. sobre esta mesa onde me apoio há só emoção, sonho. o único rastro de razão que posso perceber agora é a conta que vou ter que pagar em breve.

na cadeira estará escrito, quando eu for e deixar a minha alma, 'aqui jaz alguém chamado paixão'. e o meu corpo, quente, levará o equilíbrio. estive pensando para que serve este devaneio. o copo, agora quase vazio, olhou para mim e... não disse ainda absolutamente nada.

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