domingo, 16 de agosto de 2009

coragem de enfrentar...


é extremamente difícil começar a escrever sobre o que vou escrever hoje. mas eu vou tentar.

há dias ela não saía da cama. eu já a tinha visto assim, mas descobri que nunca antes soube os reais motivos. sentei ao seu lado e disse para ela se levantar, que era psicológica a doença e ela tinha que retomar o controle. ela me olhou como quem precisava me contar algo, como quem pedia ajuda desesperadamente. eu não sabia bem o que fazer, porque quem pedia ajuda a ela até para as coisas mais patéticas era eu. em tantos anos, era a primeira vez que eu via aquele olhar.

pedi para ela me falar o que era. ela disse que não podia, que eu teria vergonha, que eu teria raiva. como um amor tão puro podia criar raiva como fruto? o que de tão grave ela podia me dizer? eu, mesmo com um aperto enorme no peito, insisti que confiasse em mim, que eu jamais a julgaria. ela não aguentou, começou a chorar como uma criança em desespero que precisa da mãe. eu fiquei paralisada no início. insisti, usando palavras de carinho.

sabendo que o mais difícil de suportar para mim são as lágrimas dela, segurou a minha mão, ainda em prantos. começou a me contar coisas sobre a vida dela, a nossa vida. as palavras dela custavam a sair, ao contrário das minhas lágrimas. ela contava e pedia ajuda ao mesmo tempo. comecei a sentir algo tão intenso como jamais havia sentido, a abracei como jamais havia abraçado. nós duas sentíamos uma dor imensa que logo misturou-se a um pouco de esperança. eu tentei respirar fundo e fazer o meu papel. disse que não estava absurdada, que as minhas lágrimas eram causadas exclusivamente pelo sofrimento dela, que eu ia ajudá-la mesmo que fosse a última coisa que eu fizesse, mas para ela ficar tranquila. sim, em meio a tudo, pedi para ela ficar tranquila, porque eram só problemas que a gente ia resolver. para ela não dar tanta importância a isso. ela, supresa, não entendeu como não dar importância a tanto sofrimento. expliquei que entendo a sua dor, mas o sofrimento deve ser aliviado com o que de bom temos nas mãos, com a capacidade da superação e com a coragem de enfrentar as coisas. pedi sorrindo para ela se levantar porque eu queria levá-la para tomar um café, que faríamos o que fosse necessário, mas enquanto isso não daríamos as costas para a vida.

ela se levantou, me disse que se soubesse que eu ficaria ao seu lado dessa maneira já teria desabafado há muito tempo. na manhã seguinte me acordou com um beijo e um grande sorriso, "olha filha! já levantei!". e essa frase foi para mim tão aliviante quanto para ela o meu sermão do dia anterior. as coisas têm sido difíceis, mas a minha certeza é única: as coisas vão melhorar, porque é assim que tem que ser.

8 comentários:

Unknown disse...

Que lindo!

Mt bem escrito, emocioanante!

=)

Carou disse...

Lindo o vínculo.

Unknown disse...

acabei me vendo em certas partes e vejo que oq realmente falta em mim é a coragem de enfrentar as coisas,que pr amim sempre foi muito dificil!!

Muito lindo 'chorei' =~~

Bruno Moreno disse...

prazer é todo meu.
lindo texto, mais uma vez.
um beijo grande.

Maria Eugênia Ferreira disse...

"mas o sofrimento deve ser aliviado com o que de bom temos nas mãos, com a capacidade da superação e com a coragem de enfrentar as coisas"

Marta Pinheiro, vc é incrivel.

Anônimo disse...

eu jurava que ja tinha comentado aqui, até pq te falei no msn sobre esse post hahaha carenteee HAHAHA

Bruno disse...

vão melhorar sim, porque é assim que tem que ser, e porque vocês não merecem um sofrimento que não seja pra ensinar algo, sabe?

um beijo em cada uma.
cuida aí.

L&L-Arte de pensar e expressar disse...

gostei de seu blog principalmente dos textos, quando der de uma passadinha no meu http://www.palavrasarteblablabla.blogspot.com